Uma fria brisa matinal, um amanhecer cinzento e alguns anos de recordações colidem no vidro da janela, rastejando até serem absorvido pela terra, pelo tempo... Esquecimento. Uma palavra, um olhar, sorriso, momentos... Alguém.
Eu sei, sei bem que passado é passado. Mas cá pra nós, o que seria o hoje sem o ontem? E hoje, eu quero falar de ontem, antes de ontem, ano passado, década passada... Uma carta para o passado.
Passado...
Queria me recordar de todas as tuas faces, sons e texturas. Mas o que restou é suficiente.
Lembro do meus primeiros anos no colégio, de repente a família cresce com tantas "tias e tios" novos, era tudo simples e feliz, só alguns intrigas de crianças, nada para se preocupar. Passado, nessa época conheci pequeninas almas que conseguiram te enfrentar e continuam aqui no meu presente. É uma pena, Passado, que me tomaste uma delas, é uma ferida que nenhum futuro pode curar.
Tardes ensolaradas da adolescência, e mais algumas almas que continuam aqui comigo, não importa quantas milhas de distancia, época em que pequenos problemas eram o fim do mundo, tanta inocência num coração em transição.
Juventude desleixada e despreocupada, com paixonites, noite com os amigos, estúdios musicais, fotografias... Época de aprender quem é amigo de verdade, uma das tarefas mais difíceis pra mim. Tempo que me perdi e me achei, dias em que descobrir que não sabia o que era o amor. Dias em que descobri o que eram problemas de verdade, Passado... Não entendo esses dias...
Me recordo, claramente, dos dias em que esses anos se tornaram você, Passado... Esses dias levaram uma família, um lar, uma vida. Esses dias que são só memórias.
Quero te agradecer por ter sido assim, sem as barreiras que possuístes eu não teria aprendido a escalar e atravessar problemas, obrigado pelos amigos e momentos incríveis que vivi, por ter tido pessoas ótimas ao meu lado e por tido tantas noites solitárias.
Se não fosse por você, eu não seria eu.
Ps.: Te escrevo daqui a uns 20 anos.